Diana Ross (no contexto ‘The Supremes’) tem uma música que diz assim:
Stop! In the name of love
Before you break my heart
E setembro me disse isso, me parou em nome do amor, antes de algum coração sair machucado. Recebi meus pais em casa ao longo de quatro semanas. A vinda deles estava programada, eu mesmo cuidei da grande maioria dos detalhes. Eu só não esperava o que vinha pela frente.
A vida migrante tem disso: a gente planeja, a gente idealiza, a gente caminha, e vem o vento e muda a direção, a intensidade e tudo de lugar, e depois deixa memórias, reflexões, preocupações e coisas pra arrumar. E nessas horas, a rede de apoio é acionada e o coração fica quentinho pra encarar também a queda da temperatura que o outono (da vida e do norte) trouxe pros meus dias.
Mas confesso que eu estava precisando de uma pausa do Due (como carinhosamente tenho chamado o Due Tramonti), mesmo que ele tenha apenas começado. O processo de criação deste projeto foi muito intenso, visceral e honesto. Eu me joguei nessa aventura com muita ingenuidade, inclusive. Resolvi enfrentar medos, inseguranças e dúvidas para fazer o que eu sentia que precisava ser feito. Fiz. Fizemos.
Olho com orgulho para os episódios publicados. Sinto satisfação pelas conexões iniciadas, as estabelecidas e as que surgem como promessa, sopro. De renovação, de esperança de relações saudáveis, respeitosas e recíprocas.
Ouço o material já gravado (e ainda não publicado) e sinto excitação, carinho, profundo respeito e gratidão. Generosidade e acolhimento também.
Há muito o que fazer para que o projeto siga o seu caminho, ganhe relevância, audiência e que seja sustentável em sua produção. Diante do cronograma que tinha feito, estou atrasado com postagens, textos, acordos, edições. Eu sei. Me culpei muito por isso, mas ao mesmo tempo eu aproveitei esse tempo para avaliar profundamente o que o Due é hoje pra mim. O que consigo e quero dar conta.
Hobby? Trabalho? Necessidade? Carência? Altruísmo? Oportunidade? Desejo.
Neste período de pausa não planejada, imposta pela vida e pelo coração, eu me questionei se o verbo ‘precisar’ faz sentido hoje. E cheguei à conclusão que o Due não precisa nada. Nem eu preciso, nem ninguém precisa do Due. Eu apenas desejo. Eu apenas quero continuar fazendo. Quero avançar. E quando os desejos se encontram, a mágica acontece.
Entendo e respeito as relações que acontecem a partir da necessidade. Mas ando preferindo as que são firmadas pelo desejo, pelo sentido, pelo respeito. E isso precisa (aí sim) ser repactuado periodicamente, pois as circunstâncias mudam. Não é questão de ser leve e fluido ou ser denso e pesado, e sim uma questão de convergências.
Dialogo com as divergências para crescer, mas prefiro repousar a maior parte dos meus dias no conforto das convergências.
Então, eu atualizei o cronograma e, magicamente, deixei de estar atrasado. Uma beleza. Ninguém me cobrou prazo, ninguém me cobrou postagem, todo mundo respeitou o tempo das coisas. Era só eu quem não estava respeitando mesmo. Pronto, peço desculpas por algum inconveniente, e muito obrigado pela compreensão.
Em paralelo, foi muito gostoso receber perguntas respeitosas sobre os episódios novos, comentários sobre os episódios publicados que continuam sendo ouvidos com calma, assim como indicados, pois tem gente nova chegando que eu não conheço e isso é ótimo e estimulante. Teve também curiosidades (e dúvidas) sobre os formatos e elogios ao novo site.
Sim, temos um novo site, foi a única coisa que consegui fazer ao longo deste setembro familiar, pois não requeria gravação e edição de som. Estou muito satisfeito com o resultado, depois me diga se você gostou.
Bem, e pra fechar esses escritos de hoje, coisa que deve acontecer bem mais por aqui pois o prazer de escrever me revisitou, te digo que esta semana tem mais novidades a caminho: a estreia do ‘migrar-se’, um novo café e até um flowdase teremos, quanta abundância!
Que o amor nunca nos falte.
Obrigado pela leitura. Te deixo um abraço.
Inté!
Ps: te deixo também essa música. Está na playlist ‘Músicas de cá: vivências migrantes’.